Os temas abordados no rap são diversos, pois o lema do rap é a liberdade de expressão. Podemos ouvir rap com discurso de denúncias sobre como o capitalismo destrói a vida de jovens da periferia, outros com o foco nas experiências individuais, familiares, outros grupos se preocupam em denunciar a violência e falar sobre os caminhos da criminalidade e outros procuram disseminar mensagens de interesse geral fora do circulo periférico. Como diz o ditado "cada um tem seu estilo". Esses estilos podem ser identificados pela forma de escrita e da produção adotado pelo artista. Algumas produções possuem arranjos tocados, outros sampleados e em outro casos podemos encontrar arranjos sampleados e tocados na mesma música. De acordo com cada estilo ou seguimento há uma predominância de elementos sonoros e instrumentos musicais e isso facilita a identificação de um seguimento e/ou estilo. Não existe uma tabela de classificação oficial para determinar o que é um estilo ou seguimento dentro do rap, mas ao meu ver (Neurus), o rap pode ser analisado e classificado da seguinte maneira:
a) Quanto a linguagem: secular ou gospel;
b) O seguimento: rap tradicional ou underground;
c) O estilo: identificando e analisando os elementos, técnicas aplicadas na produção, estilo da escrita e até mesmo a postura do grupo, podemos saber reconhecer o estilo: gangsta, bate-cabeça, tormento, canibal, pop, futurista e etc...
Vejamos a seguir as características que diferem um estilo de outro.
1) Linguagem
a) Rap Secular: Rap cantado por MCs não ligados a igreja ou a questões religiosas do cristianismo. O discurso pode até ser a favor do cristianismo, citar "Jesus" e suas palavras mas, a diferença do rap gospel para o rap secular é que, no segundo caso o MC e/ou o grupo de rap não insere em seu discurso um apelo evamgelistico segundo a doutrina de igreja, seja ela católica ou evangélica. Não é o foco principal.
Gangsta: Retrata assuntos ligados ao crime, drogas, acerto de contas, lei das ruas, polícia, bandido, favela e etc. A maioria das musicas de rap gangsta possue um ritimo mais lento, batidas pesadas com predominância de bumbo e baixo em relação aos outros instrumentos. Existem raps gangstas com ritmo acelerado também, mas o peso, o assunto e a sonoplastia de tiros, sirenes e outros elementos são características próprias desse estilo. Apesar de não conter um tom de ironia e sim um discurso áspero e direto, o estilo das letras pode ser comparado a um samba de raíz de "Bezerra da Silva". É uma linguagem mais "malandreada" e com várias girias. O ritmo é bem envolvente tão quanto um "funk" ou um "soul music". Os temas retratam o crime de uma forma geral alertando e denúnciando os problemas ocorridos na periferia no intuito de que não permaneçam encobertos e sem solução. Princípios de sobrevivencia no gueto e em qualquer outro lugar como o respeito, sinceridade, atitude são lembrados constantemente e colocados como "lei". Problemas de repressão policial, tráfico, diferenças sociais, racismo e outros são colocados de forma direta no rap gangsta. Em casos isolados, algumas letras atacam outros grupos, estão relacionadas abrigas de gangs, situações vividas na noite, nos becos e etc. No rap cada um expressa o que vive. Quem ouve, tira suas conclusões e absorve o que lhe convém.
P.I.M.P.: É muito presente nos EUA. É o rap gangsta moderno, digamos assim. As bases do Rap P.I.M.P. contém timbres eletrônicos e de forma simples é dada mais prioridade ao balanço e a marcação de bumbos e caixas. O assunto das letras tem o foco em dinheiro, mulheres, sexo, brigas de gangs e curtição em clubes e bordéis. Costuma-se dizer que é o estilo dos cafetões dos Eua. Existe um ou mais rapper no brasil que se intitula P.I.M.P., mas com certeza, a condição financeira dos Rappers Norte-Americanos são absurdamente diferentes em relação aos Rappers brasileiros.
Seguimento Underground temos:
Underground: Esse estilo é o rap de raiz. O rap gangsta, no início, também tinha uma característica underground. Trata-se de uma construção musical mais simples, resumida, com batidas e samplers usados das formas mais inusitadas possíveis. Esse samplers são inseridos entre as batidas do rap underground de uma maneira que desafia qualquer regra musical no que se diz respeito ao tempo e compasso. É um verdadeiro quebra cabeça. Vários "cortes", alteração de tons e outras técnicas são aplicadas para chegar no resultado esperado. Por mais simples que aparente, esses trechos musicais passam por várias transformações até darem origem a uma nova sonoridade adaptando-se ao novo ritmo. O rap underground é caracterizado também pelo uso de scratch e principalmente colagens de discursos, poemas, manifestos e até mesmo trechos de outras musicas, geralmente no início da música. Um rap underground ser criado com um bit (batida) mais acelerada como o bate-cabeça, mas é possíevel identificar facilmente a diferença entre ambos.
Bases
Instrumentais de rap
Sampler
São trechos extraídos de uma musica qualquer que são encaixadas na criação de outra musica. Descontextualizar, reciclar, criar a partir de uma outra criação. A arte de samplear tem muito haver com o famoso as obras de Marcel Duchamp que ao descontextualizar bruscamente o objecto do seu universo funcional apagava qualquer princípio formal de adequação entre a sua forma e a sua função. "Marcel Duchamp" foi um dos fundadores de movimento Dada que sacudiu o mundo das artes no início do vigésimo século. O movimento pregava a não-arte.
Foi na rasteira do Dadaísmo que nasceu o surrealismo e até mesmo oneoconcretismo de quebra serviu como moldura para a Tropicália (Brasil, final da década de 60).
Duchamp foi o mais famoso e vigoroso praticante do movimento Dada mas preferiu viver nos Estados Unidos, uma arte de reclusão – daí essência da não-arte, o supra-sumo do movimento. Na verdade, Duchamp passeou como poucos artistas em quase todas as correntes artísticas do século 20. E não dava a mínima para rótulos ou qualquer tipo de pragmatismo. "
Fonte: http://www.eletronicbrasil.com.br/materiasarq.asp?Cod=8
O sampler pode ser utilizado de forma simples ou complexa.
A forma simples resume-se em separar um "Looping" de uma musica e adaptá-la ao ritmo do rap. Nesse caso, outras partes da mesma musica (ou de outra qualquer) podem ser adicionadas ao rap para complementar o refrão ou partes de destaque da musica a ser produzida.
No caso da forma de utilização complexa de um sampler não necessariamente o trecho a ser extraído precisa ter no mínimo quatro tempos. Um trecho sampleado pode ser adaptado de várias maneiras na musica a ser produzida. O produtor de rap underground utiliza-se dessas técnicas na produção das bases. O sampler também pode ser tocado, ou seja, a parte extraída de outra musica (sampler) é enviada ao computador e através de um programa específico de produção e um controlador midi (teclado musical específico para computador) é possível controlar esse sampler como se fossem notas musicais. O controlador determina a tonalidade do sampler que pode ser tocado em cima dos bits (batidas) do rap, descontextualizando e criando nova sonoridade.
Looping: ou seja, um trecho instrumental de de no mínimo quatro tempos a qual o quarto tempo se imenda com o primeiro formando o looping, repetição).
Considerações finais: Independente do estilo, do seguimento do rap, o importante é que a mensagem pregada não se perca nas ondas do modismo e nem perca sua consistência. Rap é rap! No brasil, existem pessoas capacitadas o bastante para produzir trabalhos realmente excelentes sem que pra isso tenham que se "vender", ou melhor, deixar de lado o teor informativo e a postura original do rap como os norte-americanos e passar a defender um discurso vazio com interesses financeiros. Existem formas inteligentes de se ganhar dinheiro e esse é o caminho que devemos trilhar - os guerreiros. Muitos já estão mudando o discurso. Não é errado falar de festa, de namoro, de mullher e etc, mas não podemos deixar que esses assuntos predominem e ofusquem o discurso de protesto social. E se o tema de alguns rappers se resume em bebidas, orgias, rebolação e outras patifarias, estes não merecem o título de rappers, pois mesmo o rap sendo liberdade de expressão, existe um parâmetro, um limite. Rap não é axé e liberdade não é libertinagem.
Visitem o site www.myspace.com/neurustransfusao
Muito obrigado aos que dedicaram seu tempo nessa leitura!
5 comentários:
Gostei da matéria!
DE menos crime fOI o primeiro rard core!!!!!!!
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